Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2025

Tijolo por Tijolo: (re)construção dia após dia

Tijolo por Tijolo acompanha uma família recifense que se esforça para reconstruir seu lar depois de evacuarem a antiga casa da família por risco de deslizamento. O documentário dirigido e roteirizado por Quentin Delaroche e Victoria Álvares acompanha Cris e sua família, que precisaram sair às pressas da casa onde viviam, no bairro do Ibura, em Recife, porque o imóvel foi condenado a risco de desabamento.  Tudo isso aconteceu em meio à pandemia do Covid-19 e durante a quarta gravidez de Cris, que luta para conseguir uma laqueadura pelo SUS. Na tentativa de tentar reerguer o lar mesmo com tantas adversidades, ela transforma sua realidade em inspiração ao trabalhar como influenciadora digital, compartilhando seu dia-a-dia com seguidores e, agora, com os espectadores desta obra sensível e impactante. Nos primeiros minutos, o filme apresenta um panorama intenso dos desafios enfrentados por Cris, gerando uma expectativa de um tom predominantemente dramático e denso. Contudo, após a abert...

Lyceu – Resistência Nossa de Cada Dia: acolhimento e pertencimento

Antes do período da Ditadura Militar no Brasil, entre 1964 e 1985, o tradicional Colégio Lyceu de Goiânia foi criado com o propósito de atender à elite goianiense. Fundado em 1937, foi a primeira instituição de ensino secundário da capital, sendo um marco na educação local. Com o fim da ditadura, o Lyceu assumiu um novo significado ideológico: popularizou-se, tornou-se mais acessível, transformando-se em um espaço de inclusão. Atualmente, funciona como Centro de Ensino em Período Integral (CEPI), oferecendo ensino médio em tempo integral e integrando a rede pública estadual de Goiás. O prédio do Lyceu é um ícone arquitetônico da cidade, projetado pelo urbanista Attilio Corrêa Lima, responsável pelo plano urbanístico de Goiânia. Mesclando elementos do estilo colonial e art déco, o edifício foi tombado como patrimônio histórico em 2003, preservando suas linhas e características que remetem à identidade cultural da cidade. Em 2023, o colégio passou por uma importante reforma em suas insta...

Meada Cor Kalunga: preservação e valorização das identidades quilombolas

O curta-metragem Meada Cor Kalunga, dirigido por Marta Kalunga, Alcileia Torres e Ana Luíza Reis (Analu), é uma obra profundamente sensível que explora e celebra os saberes ancestrais afrodiaspóricos da comunidade quilombola Vão de Alma, localizada em Cavalcante, Goiás. Situada na Chapada dos Veadeiros, a região é lar de um dos biomas mais preservados do Cerrado brasileiro e está intimamente ligada à cultura e aos costumes da comunidade Kalunga, o maior quilombo remanescente do Brasil, abrangendo os municípios de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás. Formada por descendentes de escravizados que fugiram no século XVIII, a Comunidade Kalunga preserva tradições culturais e modos de vida transmitidos por gerações. Meada Cor Kalunga é um documentário etnobiográfico que narra a trajetória de Dirani Kalunga, com a mediação de Marta Kalunga, ambas lideranças e guardiãs dos saberes populares e quilombolas. Durante os 23 minutos de filme, as protagonistas tecem uma narrativa env...

Cartório das Almas: retratando a morte refletimos sobre a vida

Dirigido e roteirizado por Leo Bello, Cartório das Almas é um filme distópico - uma obra cinematográfica ambientada em uma distopia, ou seja, um cenário fictício em que a sociedade apresenta características negativas extremas. Esses filmes geralmente exploram mundos futuristas, alternativos ou pós-apocalípticos onde há opressão, desigualdade, perda de liberdade, ou outras condições desumanas que refletem problemas sociais, políticos ou tecnológicos levados ao extremo. Filme introspectivo e experimental de ficção científica, a obra mergulha em questões profundas sobre a existência e a mortalidade.  A trama gira em torno de Laura (Gabriela Correa), uma jovem de 126 anos que consegue um novo emprego: trabalhar no Cartório das Almas. Sua função é burocrática e peculiar – registrar os motivos que levam as pessoas a renunciarem à imortalidade, ou seja, escolherem morrer. Entretanto, há uma regra intransigente: é proibido tentar dissuadir os clientes. No máximo, pode-se sugerir que recons...

O Conto da Bixa: resistência, autodescoberta e transformação

O Conto da Bixa é uma obra dirigida por Karvalio e estrelada por Stella de Eros, que também assina o roteiro. Este documentário performático baseado na cultura Ballroom transcende a narrativa tradicional, ao unir videodança e performance para contar uma história envolvente de resistência, autodescoberta e transformação. Repleto de simbolismo, explora com sensibilidade as complexas relações familiares e as questões de identidade de gênero, proporcionando uma experiência profundamente impactante. Ao longo de seus 11 minutos, o curta-metragem convida o espectador a mergulhar no universo íntimo de uma pessoa trans, abordando temas como violência, preconceito, identidade e a fascinante cultura Ballroom, originada nas comunidades negra e latina LGBTQIAPN+ nos Estados Unidos, especialmente em Nova York, a partir do final do século XX. Ela surgiu como um espaço de acolhimento, expressão e resistência para pessoas marginalizadas, particularmente pessoas trans e não-binárias, gays e lésbicas, qu...

Para Carlos: a complexidade da vida

Para Carlos é um filme-carta de despedida, escrito e dirigido por Carlos Cipriano, em homenagem ao seu grande amor, que tristemente tirou a própria vida. Ao se deparar com a ausência de uma carta de despedida e sem respostas claras para essa partida repentina, Carlos busca nesta criação cinematográfica uma forma de compreender e lidar com os mistérios desta decisão. Através do filme, ele não só expressa seu amor profundo, mas também revela os anseios e planos que o casal nutria, agora interrompidos pela perda. O curta-metragem, além de ser uma carta destinada ao amado, também se torna um diário cinematográfico autobiográfico, conduzindo o público a uma jornada intimista pelo amor e pela dor da saudade inesperada. A identidade do companheiro de Carlos é mantida em sigilo como um gesto de respeito à sua memória e imagem. Então, em uma escolha criativa inspirada em um filme que o casal gostava chamado Me Chame Pelo Seu Nome, o nome "Carlos" é usado como apelido para o personagem...