O Vale Vai Descer é um curta-metragem documental que mergulha na realidade de um time de handebol formado exclusivamente por homens LGBTQIAPN+. Esses atletas, anteriormente deslocados e oprimidos em times convencionais do esporte, encontram no Vale Handebol Clube um espaço seguro e acolhedor. Este time, que serve de inspiração para o título do filme, busca disseminar uma mensagem poderosa de união, diversidade e inclusão, valores que representam uma resistência contra as normas tradicionais que muitas vezes marginalizam essas identidades.
O documentário, dirigido por Elisa Marques, adota uma linguagem cinematográfica mais descontraída ao misturar leveza nas entrevistas e profundidade no tema. A diretora, com um olhar sensível e atento, utiliza planos fechados e closes, criando uma atmosfera de proximidade e intimidade com as personagens. Essa escolha estética permite ao público uma imersão nas emoções e histórias dos integrantes do time, além de dar voz aos seus sentimentos e experiências de forma sincera e direta. A combinação de cenas de entrevistas com os membros do time e momentos de ação durante os jogos, intercaladas com imagens da torcida, reforça a ideia de comunidade e pertencimento.
Mesmo as cenas das partidas de handebol e da torcida são filmadas com planos mais fechados, o que ajuda a manter o foco nas expressões e na energia das pessoas envolvidas, destacando o impacto emocional do esporte não só no time, mas também naqueles que os apoiam. Essa abordagem intimista cria uma conexão mais forte entre os espectadores e as personagens, ampliando a mensagem de inclusão e acolhimento e reiterando o intimismo que o documentário se propôs a trazer.
A fotografia e direção de arte do filme são outros elementos que se destacam, com uma paleta de cores saturadas e vibrantes. Essa escolha visual não é apenas estética, mas também um reflexo da personalidade vibrante dos membros do time. As cores saturadas ajudam a transmitir a energia positiva e a alegria que os atletas sentem ao finalmente encontrarem um espaço onde podem ser autênticos, livres das amarras do preconceito e da exclusão. O uso das cores reforça a ideia de que o Vale Handebol Clube não é apenas um time de handebol, mas um símbolo de resistência e de celebração da diversidade, sendo mais um elemento de toda a mise-en-scène da obra que afirma a personalidade alegre das personagens, bem como se sentem após serem acolhidos e representados pelo Vale Vai Descer.
Ao longo do filme, a narrativa se constrói de forma descontraída, sem perder a profundidade do tema central: a inclusão. O documentário, embora leve e acessível, aborda questões sérias e urgentes, como a luta pela aceitação e o direito de ser quem se é. O Vale Vai Descer não apenas conta a história de um time de handebol, mas também ilumina uma realidade mais ampla sobre os desafios enfrentados por pessoas LGBTQIAPN+ no esporte e em outros espaços sociais, ao mesmo tempo que celebra suas vitórias, tanto dentro quanto fora das quadras.
Em suma, O Vale Vai Descer é um documentário que vai além da simples exibição de uma modalidade esportiva; ele propõe uma reflexão profunda sobre a importância da inclusão e da diversidade, mostrando que o esporte pode, sim, ser um lugar de acolhimento, amor e respeito, independentemente da identidade de gênero ou orientação sexual. Retrata um time de handebol criativo e necessário com um documentário descontraído, mas que traz um assunto bem sério e necessário: o combate à homofobia.
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