Monstro
X humano
A
realidade para quem nascia defeituoso em Esparta, Grécia, não era nada fácil,
crianças que não eram consideradas “normais” e que apresentassem qualquer tipo
de problema físico ou deformidade eram jogadas do monte sagrado, pois a
comunidade estaria se livrando assim de uma raça inferior e caminhando para a
almejada eugenia (só os bens nascidos, bonitos e guerreiros dominariam aquela
civilização).
Esse
triste fato é retratado no filme 300
(direção de Zack Snyder,
2006), onde além da
guerra principal entre espartanos e persas, a batalha mais importante talvez,
fosse a dos bem-nascidos e normais versus os deformados, que eram considerados monstros. O próprio rei Leônidas (Gerard Butler) quase foi sacrificado por ter um
defeito em uma de suas mãos, sendo salvo deste destino cruel pelo fato de um o
sacerdote ter previsto um grande futuro para ele.
Segundo
os textos abordados neste módulo: Monstros e monstruosidades em As
traquínias de Sófocles (Luíza Monteiro de Castro
Silva Dutra-FALE/UFMG) e As mostras da monstruosidade em Héracles (Flávia Freitas Moreira). Artigo
presente no livro "Assomos e Assombros" (p.61-70). Organizadoras:
Mariângela Paraizo Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa),Belo Horizonte: FALE/UFMG,
2008.; monstro é o limiar entre o ser humano
e o animal, a besta, a fera; é aquilo que não compreendemos e que atinge o
extremo da bestialidade humana, transformando o indivíduo em um ser
transfigurado no físico e no caráter.
No
filme quem nascia diferente é que era considerado um monstro horrendo, causador
de espanto, indignação e até mesmo nojo aos demais. Mas e quem os sacrificava e
toda a sociedade que os julgava e os condenava a morte somente por terem
nascido diferentes, não seriam estes os verdadeiros monstros? Não na aparência,
mas sim, no caráter.
Como
define a autora Flávia Freitas Moreira em seu artigo As mostras da
monstruosidade em Héracles:
Não
é que sejam seres fantásticos, disformes ou dotados de graves deformidades
físicas: parecem-nos criaturas monstruosas por conta de seu desequilíbrio e dos
atos cruéis que são capazes de cometer. Passaram decerto por uma sorte de
processo de monstrificação que fez deles assassinos frios e violentos – por
vezes de membros de suas próprias famílias. (p. 96)
Concluo que o ser humano sempre
continuará a ter a monstruosidade dentro de si, seja na Grécia Antiga ou nos
dias de hoje. Como diz a autora Luíza Monteiro de Castro Silva Dutra-FALE/UFMG, em seu
artigo Monstros e monstruosidades em As traquínias de Sófocles "os
homens não estão a salvo da bestialidade, por mais que isolem bestas e monstros
nos confins do mundo". (p. 101). Onde houver um homem, haverá bestialidade
e atitudes que os aproximem em feras animais, julgando o próximo que possua
algum defeito e feiura que o incomode ou que julgue incoerente e inadequado.
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