A crítica de hoje é sobre o filme de estreia do cineclube do Sinpro
Goiás, o longa canadense O Que Traz Boas Novas (Monsieur Lazhar, 2011), do
diretor Philippe Falardeau. Possui 28 prêmios, e importantes indicações, inclusive
para o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012.
Antes de entrar propriamente nas peculiaridades do produto em questão, é
importante ressaltar as características do cinema canadense. O Canadá e os
Estados Unidos são grandes competidores não somente territoriais e em disputas
capitalistas, os canadenses procuraram se divergir de seus vizinhos em todos os
sentidos, inclusive na maior fonte de renda americana, o cinema. Ao contrário
da indústria hollywoodiana, em que as obras audiovisuais são produzidas de
forma totalmente comercial, visando o entretenimento de seus espectadores e o
lucro garantido, o mercado da sétima arte canadense visa um cinema mais
artístico e, principalmente, poético, que aborda a diversidade cultural do país
e demais questões sociais.
O longa-metragem O que traz boas novas - recebe esse título em português
por ser a etimologia do nome do protagonista, que significa exatamente “aquele
que traz boas novas” - gira em torno do
professor Bashir Lazhar (interpretado por Mohamed
Fellag), um refugiado argeliano que assume uma turma de alunos em seu novo país residente, o Canadá, após uma tragédia na escola, o suicídio da docente anterior, Martine.
Lazhar enfrenta problemas pessoais, dramas familiares e, problemas em
ser um imigrante, principalmente com o governo. Além disso, tem certa
dificuldade em se adaptar aos métodos e tradições de ensino canadense, como não
ter contato físico com seus alunos em hipótese alguma. No decorrer da trama,
percebemos que são exatamente esses árduos métodos que leva a antiga educadora
à morte.
Durante sua fase de adaptação tem a ajuda e o apoio de uma aluna especial
que se identifica com o novo mestre, a destemida Alice, interpretada pela
talentosa atriz Sophie Nélisse, que recentemente teve grande visibilidade na
obra A menina que roubava livros (The Book Thief,
2013).
A sala de aula antes do referido suicídio possuía cores quentes,
predominantemente amarelo, que em estudos de cor, estimula o aprendizado. As
carteiras eram dispostas em um semicírculo que representa o espírito de
competição típico da sociedade canadense. Após a tragédia, a sala é pintada em tons
de cinza e azul e por ordem de Bashir, as cadeiras são colocadas em fileiras,
que combina com o espírito metódico deste. Esse novo cenário remete a três coisas:
tentar apagar a memória de Martine, salientar o método conservador de Lazhar e
combinar a estética do filme em cores frias, para representar o momento triste,
transitório e confuso em que viviam os estudantes.
O filme é sensível e trata de uma forma suave temas profundos e leva a percepções
sobre vida, cultura e educação. Recomendo a todos que busquem uma percepção
mais apurada sobre questionamentos sociais e educacionais.
Bashir e Alice |
Bônus para os professores de todo o país
Após assistir algumas vezes a essa incrível obra fiz algumas considerações acerca da educação:
- Expôr mais cultura na sala de aula;
- Acrescentar métodos mais dinâmicos e multidisciplinares;
- Posição do professor na sala de aula como um ditador? Ele ordena e os alunos são obrigados a obedecer? Qual o limite da democracia?
- E, a questão mais importante, na minha opinião: A diferença entre ensinar (papel do professor) e educar (papel dos pais)? Qual o limite de cada um?
É isso, espero que seja útil e auxiliem os docentes a ministrarem aulas cada vez mais interessantes a todos os estudantes brasileiros.
Comentários
Postar um comentário