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A Onda

Reiner Wenger, personagem de Jürgen Vogel


O filme analisado da vez é o alemão A Onda (Die Welle, 2008), tema do debate da 2ª edição do cineclube do Sinpro Goiás (onde sou mediadora). E, antes de abordar a obra em questão, é necessário explicitar as características do cinema da Alemanha.

O cinema alemão atual reflete muitas das características de seu precursor, o expressionismo alemão dos anos 30, que está inserido em um contexto em que a Alemanha está em crise decorrente do resultado da 1ª Guerra Mundial. O movimento expressionista, em todas as artes (pintura, escultura, cinema...) foi uma resposta ao racionalismo alemão e buscava mostrar o lado oculto das coisas e, principalmente, pessoas.

Com o final da 2ª Guerra, a Alemanha entra novamente em crise e, com isso, a sétima arte não tem grande expressão no país. Porém, a partir dos anos 60 e 70 aparecem cineastas críticos e criativos, entre eles Fassbinder, Win, Wender e Herner, que em pouco tempo se transformam em referência do cinema de autor e, finalmente, junto com a queda do Muro de Berlim, em 1989, o cinema alemão assume sua identidade atual, de filmes introspectivos, críticos e realistas, que te dão um choque de realidade. Aborda determinados temas como se estivesse te dando um “tapa na cara”.

As características mais comuns do cinema alemão atualmente são personagens perturbados psicologicamente, cinema pós-guerra, competente, violento, e carregado de jogos de câmera e ângulos mais intimistas, câmera subjetiva - no ombro -, que dá essa ideia de intimidade com o personagem. E, geralmente, é realizado por jovens cineastas.



Baseado no livro homônimo de ficção (leitura obrigatória na Alemanha) escrito por Todd Strasser (sob o pseudônimo de Morton Rhue), que aborda o experimento que o professor de história Ron Jones fez com seus alunos em 1967, em Palo Alto, Califórnia, o longa A onda, conta com brilhante direção de Dennis Gansel, que também é o roteirista juntamente com o novelista Todd Strasser.

A trama aborda uma turma de Ensino Médio  alemã que tem aulas sobre o tema político autocracia durante uma semana, ministrado pelo professor Reiner Wenger (Jürgen Vogel), este pretende inovar os métodos tradicionais de ensino e se superar como professor elaborando um exercício que deveria incentivar a democracia, mas que se transforma em algo completamente oposto a isso, formando um movimento de base fascista intitulado A Onda. Consiste em uma crítica a regimes ideológicos extremistas, porém não se trata de um incentivo ao esquerdismo. O interessante da premissa do roteiro é que ele não exige do espectador um conhecimento profundo sobre política, o filme se auto explica e aguça a curiosidade do espectador. 

Possui grande semelhança com outro longa-metragem alemão já analisado aqui no blog: A Experiência (Das Experiment, 2001), que em ambos abordam experiências que saíram do controle de seus criadores e são eles os grandes prejudicados. Possuem caráter violento e questionam valores sociais.

Tim, interpretado por Frederick Lau

 

Além do roteiro bem estruturado, a película conta com boas atuações, destacando-se o protagonista Jürgen Vogel e o jovem Tim (Frederick Lau), que ao interpretar um aluno que vê no movimento sua alternativa de vida, consegue cativar e sem dúvidas chama a atenção sobre os fatores psicológicos envolvidos nos movimentos de extrema direita. Merece o troféu destaque! 


Um filme para refletir, questionar, rever nossos valores e apreciar!



Bônus para os professores

Termos de destaque para reflexão:

- “Não existem maus alunos, e sim más notas”;
- “Pedagogo limitado”: aquele que não tem coragem de inovar e experimentar novos métodos em sala de aula.

Pergunta final:

- A escola e os professores do Brasil trabalham psicologicamente para educar e formar seres pensantes?


Com a colaboração de Francisco Lillo. Obrigada, querido amigo!

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