O filme argentino "O Segredo dos Seus Olhos" conta a história de um policial aposentado (Benjamin Espósito), que agora dedica seu tempo para escrever um romance baseado em seu próprio, que viveu e ainda vive com a sua antiga chefe do Tribunal, e também em um crime que trabalhou há décadas atrás, que parecia sem solução. Liliana, uma jovem casada, foi a vítima desse crime, que constituiu em estupro seguido de morte, sendo considerado um homicídio qualificado. Com muita astúcia, Benjamin e sua chefe descobrem que o autor do crime foi um jovem perturbado chamado Isidoro Gómez, que também tenta matar Espósito, mas é morto pelo viúvo (Morález) de Liliana.
O tempo cronológico do filme não é linear, vai e volta durante a história. Passado e presente chegam a se misturar, mas sem nos incomodar, pois há uma grande sutileza nos detalhes. O filme nos conduz pela história. As surpresas são muitas; existem muitos torn points, como por exemplo, quando menos esperamos, o melhor amigo de Benjamin, Pablo Sandoval, morre e não sabemos o porquê, há somente uma hipótese, que também nos deixa surpresos; ele fingiria ser Espósito para defendê-lo e morre em seu lugar, dá a vida por ele. Pablo não nos surpreende somente com sua morte, nos surpreende por todo o filme; ele não é um bêbado comum, não ficava quase caindo, cambaleando,se rastejando e nem falando meio enrolado. Definitivamente não é um bêbado esteriotipado.
Até o que parece ser óbvio, não é. Como a cena clássica no trem, em que os apaixonados se despedem às lágrimas e a mocinha sai correndo atrás do trem de seu amado, em que pensamos que é o final do filme , ele nos dá "um tapa na cara". Não é o fim do filme e sim do romance de Benjamin. O que pensamos ser um clichê, na verdade é surpreendente, pois a própria mocinha ri dessa história. É uma sátira com os filmes clássicos.
Na hora do assassinato de Liliana, não há o clichê dos filmes de terror, a cena é quase uma pintura. O cenário, a cena em si, tudo era colorido e a música ao fundo é uma bela orquestra , até o corpo da vítima parece ser pintado; rompendo com os padrões de mortes macabras e feias. Revelando que o filme todo é muito bem pensado, é quase uma poesia.
O Roteiro é muito bem pensado, muito sutil e cheio de riquezas de detalhes. O roteirista distribui códigos durante todo o filme, e todos têm um um propósito importante na história, como a máquina de escrever que Espósito ganha de sua amada para escrever seu romance.
A imagem do filme fala mais do que os próprios diálogos. A atuação dos atores, os olhares, tudo fala por si só. A fotografia é escura propositalmente, porém não incomoda. Nenhum plano é comum. Há muitos desfoques, cortes do rosto dos personagens, enfim, muitas quebras de expectativa.
O filme nos surpreende até no seu fim, pois quando pensamos que Espósito vai declarar seu amor para sua ex- chefe (coisa que ela esperou por todo o filme), nos é negado o direito de ver e ouvir. Ele fecha a porta, encerrando o filme. Realmente extraordinário, uma maneira bem peculiar de se encerrar uma história. Nos deixa curiosos até o último momento. Vale a pena assistir!
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